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Roupa no varal

Eu gostaria de saber quantos botões eu aperto desde a hora que me levanto até a hora que me deito. O último é sempre o do abajur que fica ao lado da cama, mas o primeiro depende das atividades de cada dia. Alguns dias é o do alarme do celular, outros é o botão do micro-ondas, já que não acordei muito cedo.

Os botões que aperto são os mesmos apertados pela grande maioria das pessoas neste momento: do forno, do fogão, do carro, …, mas um em particular, eu deixei de apertar.

Com mais tempo em casa, não somente parei de apertar o botão da secadora de roupas, como também parei de pendurar as roupas na lavanderia, e passei a usar os varais lá do quintal da casa, que sempre estiveram no mesmo local, esperando pacientemente para poder me ajudar, mas eu passava correndo por eles, como se não existissem.

 

Certo é, que ao pendurar as roupas no varal, sou forçada a olhar para cima, e o “teto” é o céu! Os cordões verticais dos varais de teto são substituídos por cordões horizontais presos às paredes, e o teto, sempre branco, é substituído por diferentes tons de azul, de branco, de cinza…

O monge budista Vietnamita Thich Nhat Hanh, no seu livro A Arte de Viver, me ensinou que podemos entrar em um estado meditativo enquanto cozinhamos, limpamos a casa, ou fazemos qualquer outra tarefa, sem a necessidade de estarmos em posição especial, nem em um lugar especial.

Ao olhar para cima, amplio meu olhar, meu pescoço agradece e a tela do computador, do celular ou a página do livro, que estão sempre a dois palmos de distância dos meus olhos, vão lá longe, muito alto! “Far, far Away!”, como diz Shrek.

Nestes momentos, mesmo estando ocupada pendurando as roupas, viajo nas nuvens, observando suas cores, formas e tamanhos. Às vezes, vejo o Sol! É claro que isto depende do horário. Às vezes, vejo a Lua, mas isto depende não só do horário como também da sua fase. Mas sempre vejo as três imensas palmeiras que tenho no jardim, com suas enormes folhas de um lindo verde escuro, e os frutos, vermelhos quando maduros, que atraem as aves.

Voltando aos varais, eles me remetem ao passado, quando isto era o que todos faziam, e quando os relógios davam todas as suas voltas com menos pressa.

 

Será que observavam o céu?

Sim! Porque lhes dava informações importantes para o cultivo da terra, não é?

Agora, eu também observo muito mais, porque “tenho roupas no varal” e é importante saber sobre a chuva, a garoa, o vento…

Porém, mais relevante do que tudo isto, pois se as roupas molharem, serão lavadas novamente, e tudo bem, é que quando eu olho para o céu, para cima, para fora de mim, estou na verdade olhando para bem dentro de mim, me vejo ínfima diante do Universo, mas ao mesmo tempo imensa porque sou parte deste todo!

Somos parte do Todo!

E saber disto faz muita diferença!

 

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Sonia Regina Barros

Sonia Regina Barros

Intenciona levar as pessoas a repensarem as crenças relacionadas ao aprendizado que as limitam nesta caminhada, fazendo-as notar cada passo dado rumo à mudança e ao crescimento.

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