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O problema é seu

Segundo a filosofia, um problema é algo que perturba a paz e a harmonia de alguém, mas também é, em geral, qualquer situação que inclua a possibilidade de uma alternativa. Neste caso, eu diria que o problema, é o estimulante que, por vezes, necessitamos para testar e desenvolver a nossa inteligência cognitiva, já que a capacidade de aprender algo novo é inerente ao ser humano. Ter um problema é, sem dúvida, ter a oportunidade de testar a si mesmo, colocar-se à prova da experiência e, a partir dela, extrair lições que possam mudar os nossos conceitos e atitudes. Enfim, ter um problema é ter oportunidade de entrar em contato com as adversidades, se restabelecer como pessoa, redefinir as forças e encontrar razões para continuar.

Os problemas relatados neste texto são os habituais, são aqueles para os quais, ainda que fujam do nosso controle, sempre temos a solução e que, na maioria das vezes só acontecem por descuido. “O problema é seu” é um tema que sugere reflexão sobre as nossas atitudes e condutas do dia a dia, no âmbito familiar e, sobretudo, no trabalho, pois tratando-se de gestor/líder e liderados, existe aí uma relação de reciprocidade quanto à resolução de conflitos. Mas nem sempre é assim.

O problema é seu!

Esta é uma frase repetida frequentemente e de maneira impetuosa por pessoas que não se dão conta da decepção e desapontamento que podem causar ao outro. Problemas?! Quem não os tem? Todos temos. O que nos falta ainda é maturidade suficiente para perceber e entendê-los à medida que vão surgindo. E, partindo da premissa deque todo problema tem sua particularidade, é importante que sejamos cuidadosos ao identificá-los, pois devem ser respeitados, principalmente quando estão “do outro lado”. E, de acordo com seu grau de complexidade, seja ela de maior ou menor relevância, devem ser tratados com muita sabedoria, especialmente na hora de compartilhá-los com alguém, visto que nem sempre as pessoas estão dispostas a resolver questões que, na lucidez de sua ignorância, julgam não ser do seu interesse.

Um problema só pertence a uma única pessoa até o momento em que ele não é dividido com outra. Quando esse problema é compartilhado, ele passa a pertencer a uma segunda pessoa. Neste caso, podemos dizer que o problema agora é “nosso” e não somente “seu”. Ou seja, a partir do momento em que resolvemos expor algo a alguém, ainda que seja um integrante familiar, um amigo ou até mesmo aos nossos líderes, isso significa que, indiretamente, estamos pedindo ajuda para encontrar, senão a solução, ao menos uma tentativa. É uma relação de confiança, ainda que unilateral, na maioria das vezes.

 

O fato é que esse entendimento fica aquém da nossa realidade e se torna bastante comum em muitas empresas. Palavras como acolhimento e empatia, por exemplo, são “robotizadas”, “estão na moda” e por isso são repetidas aleatoriamente, sem nenhum efeito de causa. Assim, é muito mais fácil ser indiferente ao problema alheio porque gerir conflitos é uma tarefa que exige habilidades, sensibilidade, respeito, moral e ética pessoal e profissional – e, no âmbito do ambiente de trabalho, a maior responsabilidade dessa conquista é do gestor / líder.

Ajudar um liderado a encontrar soluções para o seu problema é criar estratégias para melhorar o engajamento e a motivação da equipe. Diante desta questão, adequar a postura profissional é fundamental, pois somos, no trabalho, uma extensão de quem realmente somos em casa, na rua, ou em qualquer lugar. É importante que todo e qualquer profissional saiba se posicionar independente da função ou cargo que ocupa. O fato é que muitos deles perdem o foco daquilo que realmente importa e acabam se voltando para assuntos irrelevantes.

Tratar um problema de forma singular é negligenciar a gestão de pessoas e continuar achando que está tudo bem. O filósofo Mário Sérgio Cortella disse: “é necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal”.

Infelizmente, quando pensamos em empatia no território da personalidade, quem marca ponto é o egoísmo. Problemas são comandos naturais que existem para nos desafiar. São artifícios que a vida usa como caminho para nos tirar da zona de conforto, a qual nos priva de conhecer algo novo. É preciso entender e admitir que os problemas existem e eles continuarão no caminho, pois fazem parte da vida.

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Edjane Silva

Edjane Silva

Graduada em Farmácia e Bioquímica, com especialização em Gestão da Saúde e Auditoria. Atuou por quatro anos como farmacêutica gestora e hoje integra um time como farmacêutica hospitalar, cuidando e desenvolvimento equipes. Acredita e pratica as técnicas de Líder Coach em seu trabalho.

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